Mafalda Porto é licenciada e mestre em Psicologia pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto. Tem 23, é do Porto e especializou-se na área da Psicologia e Desenvolvimento de Recursos Humanos. O que mais destaca da sua experiência na Católica é a componente prática e a ligação ao mundo empresarial. Fez o seu estágio curricular do Mestrado na Mota-Engil Engenharia, onde teve “liberdade para experimentar e errar”. Nos tempos livres? Aprende italiano e faz desporto!
Quando é que surge o interesse pela Psicologia?
Sempre me senti muito confusa, porque gostava de tudo e, ao mesmo tempo, de nada (risos). Escolhi Humanidades no Secundário, porque sentia uma ligação maior a essa área. Inicialmente, pensei em Direito ou Psicologia. Contudo, ao longo do secundário, conheci pessoas que estavam em Direito e, após frequentar uma disciplina opcional sobre o tema, percebi que não era para mim. Na altura da candidatura, tinha em cima da mesa Psicologia e Ciências da Comunicação, mas acabou por vencer a Psicologia. Entrei no curso um pouco a medo, sem saber se era mesmo aquilo que queria. Não tinha certezas. Decidi que ia experimentar e descobrir. Lembro-me que as pessoas me perguntavam qual a área da Psicologia que eu preferia e eu não sabia o que responder. Era tudo novo para mim. Apesar das dúvidas iniciais, adorei o curso desde o início. No final do primeiro ano, a minha mãe chegou a perguntar-me se eu queria mudar de curso, mas eu soube logo que não – estava no lugar certo. Mais tarde, no final da licenciatura, tive o problema oposto. Como adorei todas as especialidades, não foi fácil escolher o que queria para o mestrado.
O que é que lhe foi interessando na Psicologia?
Muito do que me interessou veio do crescimento pessoal que senti. Cresci muito durante o curso. Desenvolvi capacidades como a empatia e a comunicação e percebi a importância dessas competências. A licenciatura contribuiu muito para o meu crescimento pessoal. Além disso, e muito importante, descobri o que é verdadeiramente a Psicologia. Antes de entrar, tinha uma ideia completamente errada sobre a Psicologia – achava que sabia, mas não sabia.
Mas a áreas dos Recursos Humanos acabou por captar a sua atenção…
Sempre estive habituada a lidar com pessoas e a trabalhar em equipa, talvez por ter sido atleta de voleibol durante 15 anos. Gerir grupos de 16 raparigas não é fácil. Quando penso em Psicologia das Organizações, penso em gestão de pessoas e essa área atrai-me muito. Para além disso, gosto muito do dia-a-dia de uma empresa. Gosto do ritmo e do desafio que isso implica.
Fez Erasmus em Roma durante a licenciatura. Como foi a experiência?
Foi uma das marcas mais importantes do meu percurso. Fiz Erasmus em Roma no terceiro ano e, já nessa altura, tinha um interesse pela área dos Recursos Humanos. Tive a oportunidade de escolher cadeiras da área de Psicologia das Organizações e adorei. Os professores, não só italianos, mas de várias nacionalidades, trouxeram perspetivas diferentes e experiências enriquecedoras. Foi uma experiência transformadora a vários níveis. Primeiro, consolidei o meu inglês, que já não usava há algum tempo. Depois, aprendi italiano e continuo a aprender – neste momento, estou no nível B1. Viver sozinha também foi um grande desafio. Criei amizades incríveis e viver em Roma é fantástico. Adoro o movimento, o caos da cidade. A parte gastronómica foi uma verdadeira desgraça (risos). A cidade em si é inacreditável, a arquitetura e a arte estão em todo o lado. De minha casa, estava a cinco minutos a pé até ao Coliseu.
O que é que mais destaca da experiência de fazer o mestrado na FEP-UCP?
O que mais destaco é a componente prática. Em praticamente todas as cadeiras, tínhamos de desenvolver projetos em contexto real. Por exemplo, contactávamos empresas para recolher informações sobre planos de formação, processos de recrutamento e seleção, e metodologias de integração de novos colaboradores. Este contacto direto permitiu-nos perceber como é que as coisas funcionam na prática. Quando comecei o estágio curricular no segundo ano do mestrado, já tinha uma boa noção de como tudo se desenrolava no dia-a-dia de uma empresa. Este contacto privilegiado com o mundo empresarial foi, sem dúvida, o ponto alto do mestrado.
Onde realizou o estágio curricular?
Estagiei na Mota-Engil Engenharia, integrando a equipa de recrutamento e seleção de perfis técnicos. O estágio foi crucial, porque tive muita liberdade para experimentar e errar. Isso permitiu-me aprender bastante e ganhar confiança. Foi o meu primeiro contacto com o mundo laboral e foi o lugar ideal para crescer.
Qual foi o tema da tua tese?
A minha tese abordou a sub-representação feminina em posições de liderança no contexto desportivo. Como tenho uma ligação forte ao desporto, este tema foi particularmente aliciante. Gostei muito de realizar as entrevistas a treinadoras de diferentes modalidades por todo o país – tentei reunir uma amostra o mais diversificada possível. A pouca bibliografia sobre o tema tornou o processo ainda mais desafiante, mas também muito enriquecedor.
Qual a importância do desporto na sua vida?
Comecei muito nova a jogar voleibol, competi em clubes e na seleção nacional. Metade do ano jogava voleibol de pavilhão e a outra metade jogava voleibol de praia. Era muito exigente. Durante o semestre em que desenvolvi a tese, acordava às 6h30 da manhã para começar a escrever. Foi uma altura em que tinha treinos bi-diários. Embora já não jogue voleibol, o desporto continua a ser essencial para mim. É uma verdadeira terapia.
O que é que mais deseja profissionalmente?
Nunca gostei muito de definir determinadas metas. Gosto de sonhar com o caminho até lá. Tenho mais desejo pelo processo, do que propriamente pelo produto final. O meu grande desejo é poder ter muitos desafios profissionais e ser capaz de os superar. O meu desejo é o caminho.