Um estudo da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP) revelou o potencial transformador das equipas educativas nas aprendizagens dos professores portugueses e nas suas práticas pedagógicas. A investigação, desenvolvida ao abrigo do Doutoramento em Ciências da Educação e conduzida por Generosa Pinheiro sob a orientação de José Matias Alves, analisou o modo como a organização do ensino português em equipas educativas pode impulsionar o desenvolvimento profissional dos docentes e, consequentemente, a aprendizagem dos alunos.
O artigo, publicado na Revista Portuguesa de Educação, demonstrou que a organização do ensino por equipas educativas - compostas por professores de diferentes disciplinas curriculares que fazem a gestão das aprendizagens dos alunos de um determinado ano ou ciclo de estudo - pode gerar um ambiente de colaboração e de troca de experiências entre os docentes, promovendo a reflexão conjunta sobre as práticas pedagógicas e a procura por soluções inovadoras para os desafios da sala de aula.
Esta estrutura substitui a tradicional visão de "turma independente" por uma gestão coletiva e flexível, onde os professores assumem um papel mais abrangente na gestão das aprendizagens. Como explica José Matias Alves: “os professores deixam de ter a "sua" turma e passam a ser gestores de um grande grupo de alunos, podendo reorganizá-los para personalizar e incrementar as aprendizagens.”
Equipas educativas: a chave para um ensino com mais qualidade e personalizado
A organização do ensino por equipas educativas traz várias vantagens para o desenvolvimento profissional dos professores portugueses. Os dados da investigação demonstraram que “a inovação organizacional das equipas educativas possibilitou uma evolução nas relações profissionais de forma mais positiva e integradora, porque uniu professores de disciplinas diferentes em torno de um objetivo comum: a melhoria das aprendizagens de todos os alunos de um dado ano de escolaridade.”
Além do mais, “promoveu, também, uma reflexão mais aberta e participada sobre esse grande grupo de alunos, gerando uma procura de soluções face aos problemas diagnosticados, o que acabou por permitir o estabelecimento de interações profissionais mais partilhadas e consistentes”, afirma Matias Alves.
O estudo veio demonstrar que outras práticas de escolarização são possíveis, que os professores podem ser mais felizes quando trabalham em conjunto, e que uma gestão mais autónoma e flexível do currículo permite obter melhores resultados educativos.
Contudo, o trabalho também revelou a necessidade de um maior investimento em formação e capacitação dos professores, para que possam trabalhar de forma colaborativa e eficaz. Além disso, é fundamental que as lideranças escolares criem um ambiente propício à colaboração, oferecendo o suporte e recursos necessários para que as equipas possam desenvolver todo o seu potencial.
“Os professores não estão condenados a sofrer sozinhos…”
O docente da Faculdade de Educação e Psicologia frisa: “Os professores não estão condenados a sofrer sozinhos, fechados dentro de uma sala de aula. Podem ser autores e coautores da sua profissão. E os seus alunos podem também beneficiar deste profissionalismo mais interativo.”
O trabalho Implicações das equipas educativas nas aprendizagens dos professores e nas práticas de sala de aulaé um dos cinco artigos que compõem a tese de doutoramento de Generosa Pinheiro.