Sabia que as perturbações de ansiedade são as perturbações mais comuns, com uma prevalência de 12% na população? E que é muito frequente que ocorra em simultâneo com a depressão major?

Quarta-feira, Julho 10, 2024 - 08:45

A Perturbação de Ansiedade Generalizada traduz-se através de preocupações excessivas relacionadas com múltiplos acontecimentos ou atividades, caracterizando-se por elevada agitação, nervosismo, fadiga, dificuldades de concentração, irritabilidade, tensão muscular e perturbações do sono. Este conjunto de sintomas pode comprometer o funcionamento a nível académico, familiar e social (APA, 2014). A sua prevalência varia entre 0.4% a 3.6% atingindo um pico na meia-idade, e diminuindo ao longo dos últimos anos de vida (APA, 2014). As mulheres têm uma probabilidade duas vezes superior à dos homens para desenvolver estes sintomas.

O surgimento dos sintomas pode estar relacionado com inibição comportamental e  foco na dimensão negativa de variadas situações do dia-a-dia. A presença de adversidades na infância, pressão dos pares/colegas e excessivo controlo e proteção parental podem constituir-se como fatores de risco para o desenvolvimento desta perturbação. A perceção negativa de si mesmo pode contribuir para a manutenção dos sintomas. Por oposição, um suporte familiar saudável pode servir como promotor de autoestima, e de menos de sintomas de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes.  A atividade física, a participação em desportos, o apoio social e estratégias adaptadas para lidar com dificuldades podem também constituir-se como fatores protetores (APA, 2014; Ahulu et al., 2019; Carneiro et al., 2016; Norton & Abbott, 2016; Zimmermann et al., 2020).

A sinalização e consequente intervenção precoce pode melhorar o bem-estar e a qualidade de vida das crianças e das suas famílias, promovendo a participação e coesão social, bem como a inclusão numa maior variedade de atividades diárias. O psicólogo desempenha um papel importante no esclarecimento dos sintomas relativos à ansiedade, na identificação de estratégias para diminuir os sintomas, no auxílio à implementação de pensamentos e comportamentos alternativos e mais ajustados às situações e às competências que a crianças e adolescentes têm para responder às mesmas. A intervenção psicológica promove as capacidades, competências e recursos da família e tem como foco o desenvolvimento saudável, o bem-estar e a saúde física e psicológica da criança e da sua família. Promove, também, o aumento da perceção da qualidade de vida e a promoção de relações interpessoais saudáveis, estratégias de educação parental e de literacia para a família (OPP, 2018).

Beatriz Moreira, Beatriz Vale, Dinis Gonzalez, Maria Teresa Alves, Rita Grilo e Rita Vale | Alunos do Mestrado em Psicologia, Especialização em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano, da Faculdade de Educação e Psicologia

 

Se quiser saber mais, leia os seguintes artigos….

Ahulu, L. D., GyasiGyamerah, A. A., & Anum, A. (2019). Predicting risk and protective‐ factors of generalized anxiety disorder: a comparative study among adolescents in Ghana. International Journal of Adolescence and Youth, 25(1), 574–584. https://doi.org/10.1080/02673843.2019.1698440

Norton, A. R., & Abbott, M. J. (2016). Bridging the Gap between Aetiological and Maintaining Factors in Social Anxiety Disorder: The Impact of Socially Traumatic Experiences on Beliefs, Imagery and Symptomatology. Clinical Psychology & Psychotherapy, 24(3), 747–765. https://doi.org/10.1002/cpp.2044

Zimmermann, M., Chong, A. K., Vechiu, C., & Papa, A. (2020). Modifiable risk and protective factors for anxiety disorders among adults: A systematic review. Psychiatry research, 285, 112705.

 


A Clínica Universitária de Psicologia (CUP) procura contribuir ativamente para a formação dos futuros psicólogos e também para aumentar a literacia em saúde mental na comunidade em geral. Neste sentido, foi desenvolvida uma iniciativa entre a CUP e os alunos do mestrado em psicologia na unidade curricular de Avaliação e Intervenção Clínica com Crianças e Adolescentes. Em articulação com a Prof.ª Alexandra Carneiro, docente da UC, os alunos produziram notícias sobre diversas perturbações psicológicas, baseadas na evidência científica, que serão disponibilizados no site da CUP. Esta iniciativa permitirá aumentar o conhecimento científico sobre problemas de saúde mental junto da comunidade. Boas leituras!

 

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