BIP na Roménia: estudantes e investigadores da Faculdade de Educação e Psicologia em semana dedicada à aprendizagem socioemocional

Quinta-feira, Junho 5, 2025 - 17:30

A Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP) rumou à cidade de Cluj-Napoca, na Roménia, para participar num Blended Intensive Programme (BIP) dedicado ao tema “Evidence-based Practices in Psychology and Educational Sciences: Social and Emotional Learning (SEL) for the 21st Century. A FEP-UCP teve uma presença destacada no programa, com a participação ativa de docentes, investigadores e estudantes.

O BIP na Roménia, promovido ao abrigo do programa Erasmus+, e organizado pela Babeș-Bolyai University, combinou atividades de aprendizagem presencial intensiva com momentos de trabalho colaborativo virtual, reunindo participantes de várias universidades europeias em torno de um objetivo comum: desenvolver competências socioemocionais fundamentais – como a empatia e o pensamento crítico – ancoradas em práticas pedagógicas baseadas na evidência científica.

 

Conferência de abertura e contributos da Faculdade de Educação e Psicologia

O programa, que decorreu de 12 a 16 de maio de 2025, iniciou com uma conferência de Patrícia Oliveira-Silva, professora na FEP-UCP e diretora do Human Neurobehavioral Laboratory (HNL), que abordou o tema “Neuroscience of Belonging: Using empathy and neuroscience to rethink international education”. Com a sua intervenção, a docente convidou os participantes a pensarem na educação internacional como algo profundamente humano.

“A mensagem central que tentei transmitir foi que pertencer não é um luxo, é uma necessidade humana fundamental. E a neurociência torna-o claro. A dor social que sentimos quando somos excluídos ou ignorados ativa os mesmos circuitos cerebrais que a dor física. E é importante saber que isto não é uma metáfora, é biologia real”, afirma.

É por essa razão que a empatia é tão importante. “Quando concebemos as nossas salas de aula e os nossos campus tendo em mente a empatia, estamos a reduzir o peso neurológico da exclusão e os alunos sentem que pertencem àquele grupo”, aponta a docente.

 

Promoção de ambientes educativos mais inclusivos

Ainda durante a semana, Filipa Sobral, professora na FEP-UCP e investigadora no Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH) e Eva Dias-Oliveira, professora na Católica Porto Business School (CPBS), conduziram uma sessão dedicada ao tema “SEL as a Foundation for Inclusive Environments”.

A sessão contou com duas partes complementares: uma dinâmica colaborativa de identificação de desafios vividos em contexto académico e uma análise fundamentada no modelo CASEL, com foco nas cinco competências SEL (autoconsciência, autorregulação, consciência social, competências relacionais e tomada de decisões responsável) e nos quatro contextos de aplicação: sala de aula, escola, família e comunidade.

“Foi extraordinário ver o entusiasmo e o envolvimento genuíno dos estudantes. A diversidade cultural e institucional dos grupos enriqueceu muito as discussões”, partilhou Filipa Sobral.

“Através das atividades colaborativas, os participantes mostraram não só uma compreensão profunda das competências socioemocionais, mas também como estas podem transformar verdadeiramente os ambientes académicos, tornando-os mais inclusivos, empáticos e acolhedores.”, remata.

 

Pensamento crítico e empatia em destaque no workshop do HNL

Um dos momentos centrais da semana foi a sessão dinamizada por Ana Moreno e Pedro Ribeiro, investigadores do HNL, sob o tema “Why Critical Thinking & Empathy Matter: Fostering Social Emotional Skills in Psychology Service Learning”.

“Este workshop foi a prova viva do quão frutífera pode ser a colaboração interdisciplinar e internacional”, sublinha Ana Moreno. “Na companhia do nosso colega Marco Valério, de Itália, um dos nossos estagiários internacionais vindo da LUMSA - Libera Università Maria Ss. Assunta, desenvolvemos uma experiência prática que desafiou os participantes a repensar a sua relação e intervenção nas comunidades onde atuam.”

Na perspetiva de Pedro Ribeiro, a sessão teve grande sucesso: “conseguimos dar aos participantes, não só a possibilidade de aplicar o conhecimento adquirido, como também uma boa referência para pensarem e desenvolverem projetos.”

Ana Moreno reforça que competências como o pensamento crítico e a empatia são fundamentais para qualquer psicólogo que quer ser bem-sucedido e eficaz: “A presença, a escuta ativa, a empatia e a capacidade de análise crítica são completamente basilares. Psicólogos do século XXI devem ser profissionais que abraçam além de saber ‘o que fazer’, compreendem ‘porquê’ e ‘para quem’ se destina a sua missão.”

 

Testemunhos de uma experiência transformadora

Os estudantes da Faculdade de Educação e Psicologia que participaram no BIP destacam o impacto positivo da experiência.

Beatriz Pratas descreve a semana em Cluj-Napoca como "uma das mais enriquecedoras", destacando que a experiência internacional permitiu desenvolver "o nosso conhecimento em psicologia" e também "competências como autonomia e relacionamento com novas pessoas de outras nacionalidades".

Para Daniela Jara, esta experiência também permitiu “conhecer colegas de diferentes nacionalidades e contextos culturais, promovendo um intercâmbio intercultural enriquecedor e abrindo espaço à descoberta de novas perspetivas sobre o mundo". A estudante conclui: "Sem dúvida, regresso a Portugal com uma bagagem cheia de novas aprendizagens, novas amizades e com uma grande motivação de colocar em prática, no meu futuro profissional, tudo o que aprendi com esta experiência."

Por fim, Carlota Lobo partilha uma perspetiva semelhante. A estudante destaca particularmente como positivo "o contacto com estudantes e professores de diferentes países, o que permitiu uma verdadeira troca de ideias e culturas" e "a combinação entre o trabalho prático em equipa e as sessões teóricas, que foram muito bem organizadas". Carlota sublinha ainda que "a oportunidade de explorar um pouco da cultura e da história romena tornou a experiência ainda mais completa" e "recomenda vivamente a participação neste tipo de programa a qualquer estudante que queira sair da sua zona de conforto e crescer a vários níveis."

 

Internacionalização como compromisso formativo

A participação no BIP reforça o posicionamento da FEP-UCP como instituição empenhada numa formação sólida, global e humanista. Através da mobilidade internacional e do diálogo entre instituições, áreas científicas e culturas, os estudantes desenvolvem não só competências técnicas, mas também uma visão alargada e integrada do seu papel profissional.

Ana Moreno deixa uma mensagem aos estudantes que estejam a considerar participar em futuras edições do BIP: “digam ‘sim’ a novas ideias, aprendizagens e experiências. Programas como o BIP são uma porta para expandir o currículo formativo, mas mais do que isso, permitem abrir espaço para o crescimento pessoal e criação de ligações que transcendem fronteiras.”

Pedro Ribeiro conclui: “Vale a pena. É uma boa oportunidade para aprender e aplicar e, fora do contexto educativo, é uma boa oportunidade de fazer novos amigos, aumentar a network profissional, conhecer novas culturas e adquirir independência."