Estudantes dos quatro campi da Universidade Católica Portuguesa partilharam o seu testemunho, enquanto alunos e cidadãos católicos, com o Papa Francisco: Mariana Craveiro, do campus Porto, Beatriz Lisboa, de Braga, Tomás Virtuoso, de Lisboa, e Mahoor Kaffashiam, de Viseu.
O momento decorreu no âmbito da visita do Papa Francisco à Universidade Católica, em Lisboa, evento integrado na Jornada Mundial da Juventude 2023.
Mariana Craveiro tem 21 anos, é natural do Porto e é licenciada em Psicologia pela Faculdade de Educação e Psicologia da Católica no Porto. A partir de setembro de 2023, será estudante do Mestrado em Psicologia da Justiça e do Comportamento Desviante na mesma faculdade. No seu testemunho dirigido ao Papa, a estudante partilha a sua experiência de serviço e afirma convictamente a vontade de ser “protagonista da mudança”.
No dia 3 de agosto de manhã, a UCP recebeu cerca de sete mil pessoas, na sua maioria estudantes, mas também personalidades, nacionais e internacionais, do mundo académico, artístico, da sociedade civil e da Igreja Católica.
Leia o texto integral que Mariana Craveiro leu ao Papa Francisco:
Santo Padre,
Reconheço hoje com alegria que o meu percurso nesta Universidade converge com os princípios para os quais Vossa Santidade convocou o mundo académico com a proposta de um Pacto Educativo Global. É nisso que gostaria de me centrar.
Entrei na Universidade Católica em 2020, em plena pandemia. Nesse contexto, por meio do programa Católica Solidária, a Universidade ajudou-me a perceber a urgência de manter a prioridade dada à pessoa humana, e assim pude ajudar a servir refeições, todas as semanas, às pessoas sem abrigo e mais necessitadas, no centro da cidade do Porto.
Mas esta experiência foi apenas um ponto de partida e o modo de Deus me ensinar que estar ao serviço para acolher os mais vulneráveis e excluídos tinha de ser uma prioridade nos meus dias de estudante, como membro de uma “Igreja em saída”. Nos últimos anos, colaborei com uma instituição que apoia pessoas com deficiência, e pude dar-me conta do impacto real da esperança e da alegria, dadas e recebidas.
A Universidade Católica pôs-me também em contacto com a metodologia Aprendizagem-Serviço, o que me deu uma compreensão mais abrangente dos temas curriculares e uma convicção maior quanto à responsabilidade cívica que a educação traz consigo. Nesse contexto, tenho sido voluntária na Clínica de Psiquiatria de um estabelecimento prisional. Entrei neste projeto de cabeça, mãos, coração e alma, e conseguimos alcançar metas altas, fazendo, por exemplo, que 28 reclusos com problemas de saúde mental reconheçam o seu potencial e experimentem a “liberdade dos talentos” (assim designei este projeto).
Reconheço que a comunidade educativa, a mim, não me falhou, dando-me as condições e as ferramentas necessárias para que pudesse crescer integralmente, como jovem e como mulher. Por isso, comprometo-me a ser abraço de reconciliação e paz no serviço à comunidade, como Vossa Santidade nos tem interpelado, e estou certa de que Deus me convida a traçar o meu caminho junto dos mais excluídos. O meu dever, enquanto futura psicóloga, passa por acolher todos sem discriminações e aceitar o outro exatamente como ele é, independentemente da sua morada ou do seu passado.
Santo Padre, quero ser protagonista da mudança – e não jovem “à janela que vê o mundo a passar” –, aplicar profissionalmente o que aprendi para chegar aos mais vulneráveis e ajudar a escrever novas histórias e paradigmas para um mundo mais justo e com mais fé.
A nossa geração quer ser feliz. Constato com alegria que estou rodeada de jovens protagonistas, com iniciativa, e prontos para “fazer barulho” com o entusiasmo, o empenho e a esperança que transformam o mundo. Nós, jovens cristãos, temos muita vontade de contagiar os outros, e de lhes mostrar que vale a pena arriscar com Deus. Sei que Deus é jovem, e eu vejo-O todos os dias em cada um de nós.
Muito obrigada!
Mariana Craveiro