Uma investigação longitudinal liderada por Bárbara César-Machado, docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP–UCP) e investigadora no Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH), chama a atenção para a necessidade de acompanhamento especializado e multidisciplinar de mulheres com perturbações do comportamento alimentar durante a gravidez e após o parto. O estudo, publicado na revista Pediatric Reports, é o primeiro em Portugal a acompanhar de forma sistemática a evolução destas perturbações ao longo do ciclo reprodutivo.

Reforçar o acompanhamento especializado

Com base nos resultados obtidos, e disponíveis no estudo, os autores salientam a importância de monitorizar a presença de sintomas de perturbações do comportamento alimentar (PCA) durante a gravidez; disponibilizar psicoeducação a mulheres grávidas com PCA sobre a sintomatologia; favorecer a colaboração multidisciplinar entre obstetrícia, pediatria, nutrição e serviços de saúde mental; disponibilizar tratamento psicológico e médico ajustado às necessidades individuais; e assegurar um acompanhamento coordenado no período pós-parto. Estas recomendações estão alinhadas com diretrizes clínicas recentes para o período perinatal.

“Em consonância com evidências anteriores, é fundamental garantir a continuidade de cuidados nos primeiros anos de maternidade”, afirma Bárbara César-Machado.

A investigação intitulada Pregnancy and Pregnancy Outcomes in Women with Eating Disorders: A Four-Year Longitudinal Study with Case Series foi desenvolvida no âmbito da dissertação de Mestrado em Psicologia da estudante da FEP-UCP, Filipa Soares (coautora do estudo), e contou com a colaboração de Sónia Gonçalves (Universidade do Minho), Sofia Duarte, Isabel Brandão e António Roma-Torres, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Hospital de São João.