Estudo revela impacto da violência na saúde sexual e reprodutiva das mulheres

Terça-feira, Setembro 24, 2024 - 16:17

A investigação destaca a ligação entre a exposição das mulheres à violência e a existência de um maior número de abortos e de abortos espontâneos.

O paper, recentemente publicado na revista científica PLOS ONE, apresenta dados sobre a saúde sexual e reprodutiva de uma amostra de mais de três mil mulheres alemãs que foram avaliadas relativamente à experiência de violência, tanto durante a infância como, mais tarde, na idade adulta.

Os resultados do trabalho, coordenado por Diogo Costa, do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia, revelam as consequências adversas desta exposição para a saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

Vejamos alguns exemplos. As mulheres que sofreram violência física desde os 16 anos têm um maior risco de ter um aborto espontâneo e as que foram expostas a violência psicológica por parte de um cuidador, durante a infância, quase que duplicam a probabilidade de alguma vez ter realizado um aborto.

 

Abordar a violência como um problema de saúde pública

O estudo sublinha a importância de abordar a violência como um grave problema de saúde pública. “A avaliação direta das experiências de violência deve ser realizada por profissionais de saúde durante os atendimentos clínicos, especialmente por especialistas em obstetrícia e ginecologia, para prevenir desfechos adversos na saúde sexual e reprodutiva das mulheres”, afirma Diogo Costa.

O investigador realça que este estudo faz um forte apelo à prevenção, dado que “realça a necessidade de avaliar e de ter em conta estas exposições”.

O trabalho sugere uma abordagem multissetorial para combater a violência, envolvendo os setores da saúde, educação, investigação e também os decisores políticos.

O artigo intitula-se “Sexual and reproductive health outcomes of women who experienced violence in Germany: Analysis of the German health interview and examination survey for adults (DEGS1)” e é também assinado por Antonia Marie Wellmann (Department of Population Medicine and Health Services Research, School of Public Health, Bielefeld University).