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Maria Carmo Carvalho "Psicadélicos e Pandemia: parte II"

Segunda-feira, Março 22, 2021 - 20:33
Publication
Público
A propósito do lançamento do www.safejourney.pt — uma plataforma digital sobre psicadélicos em Português, para portugueses.


Com que respostas podemos contar para lidar com os problemas de saúde mental? Aqui, como em toda a intervenção em saúde, promove-se mais e melhor quando se previne. Só que é sempre a prevenção, jamais prioridade, que mais sofre impacto durante a escassez. Então, quando esta está (ainda mais) comprometida, restam as respostas de ação direta sobre o problema, ali à nossa frente, em toda a sua imponência.

Em saúde mental, essas respostas resumem-se a dois níveis: psicofarmacologia e assistência direta. Nesta última englobo o acompanhamento por serviços de psicologia, de psiquiatria e de outras especialidades, em centros de saúde, hospitais centrais, projetos comunitários, escolas, IPSS ou serviços privados. Ora, o que as pessoas que precisam mais desejam, é o momento em que têm à frente um profissional capaz e disponível para ouvi-las, por um período de tempo suficiente, e com uma frequência de encontro regular. Alguém que as conheça e que saiba como lidar com o impacto imediato do seu problema e que ajude a aliviar a sua progressão ao longo do tempo.

A modalidade mais clássica deste acompanhamento é a psicoterapia. O cidadão comum tem a mesma dificuldade em compreender, com rigor, o que é a psicoterapia e quem são as pessoas que estão habilitadas para oferecê-la, como tem em aceder-lhe. Porque a psicoterapia – que às vezes é feita por psiquiatras que também podem prescrever psicofármacos - é um processo longo, complexo, de escrutínio difícil e caro, muito caro. Sei-o por várias vias e uma delas é a minha experiência pessoal. Porque num período da vida procurei psicoterapia. Uma oportunidade bestialmente positiva, entendam! Tive isso tudo. Durante 3 anos da minha vida, todas as semanas (ou pelo menos todas as semanas que eu pude pagar, e foram quase todas), tive essa dedicação por um profissional competente. Correção. Eu não podia pagar uma psicoterapia semanal durante três anos. Ninguém pode, arrisco-me, a não ser que goze de grande folga material. E esse não era o meu caso, apesar da minha posição, à primeira vista, privilegiada. Tinha e tenho um seguro de saúde que me pagava, na altura, seis sessões por ano. Eu, por ano, fiz quase cinquenta. O meu psicoterapeuta fazia-me um desconto – cobrava-me 50€ em vez dos 70€ habituais, que eu pagava sem hesitar. Preferia cortar na conta de supermercado porque precisava daquilo como “pão para a boca”...

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