M. Carmo Carvalho, docente na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP), participou no debate “Viagem aos psicadélicos: novas terapias e horizontes pessoais?”, organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. A sessão reuniu especialistas e público interessado para discutir a regulação e o potencial terapêutico das substâncias psicadélicas.
A convite da Safe Journey, organização que se dedica à divulgação da ciência e cultura psicadélicas, a docente trouxe para a discussão temas como a regulamentação dos psicadélicos, as vantagens que oferecem em relação aos tratamentos tradicionais e os desafios da investigação científica nesta área.
A Professora da Faculdade de Educação e Psicologia abordou a importância de diferenciar os usos terapêuticos dos psicadélicos de outras modalidades de uso, destacando a independência entre a regulação e o comportamento de uso. Também se discutiu os benefícios dos psicadélicos no alívio da sintomatologia depressiva resistente a outras intervenções.
Quanto a este tópico, M. Carmo Carvalho refere que: “no caso da depressão resistente, a ketamina e a psilocibina têm sido associadas a um alívio mais significativo e mais duradouro da sintomatologia, em níveis consideravelmente superiores aos que se atingem com a combinação tradicional de psicoterapia e psicofármacos antidepressivos. Contudo, esta abordagem tradicional deve sempre ser esgotada antes de se contemplar a psicoterapia assistida por psicadélicos”, refere.
O que diz a investigação sobre o tema
A investigação atual aponta para benefícios significativos dos psicadélicos na depressão resistente, ansiedade, perturbação de stress pós-traumático, luto complicado e comportamentos aditivos. No entanto, há contraindicações para o uso de psicoterapia assistida por psicadélicos em casos de perturbação de personalidade borderline, bipolaridade, esquizofrenia e outras formas de psicose.
Apesar do interesse renovado na última década, a investigação sobre o potencial terapêutico dos psicadélicos ainda está numa fase preliminar. “É necessário esclarecer os mecanismos específicos de cada substância e diagnóstico, bem como as condições dos efeitos combinados com psicoterapia.”, adianta a docente.
O debate teve lugar no dia 19 de setembro de 2024. Nele participaram também Pedro Teixeira, Professor e investigador na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, e João Taborda da Gama, advogado e especialista em regulação de substâncias. A moderação esteve a cargo da jornalista Filipa Melo.
