Inês Reis é licenciada em Psicologia pela Faculdade de Educação e Psicologia da Católica e, atual, estudante do Mestrado em Psicologia na mesma faculdade. O seu percurso académico tem sido marcado por um profundo interesse em compreender o comportamento humano e por um envolvimento ativo na vida universitária, sendo a Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade. Considera a experiência na Católica “verdadeiramente transformadora” e destaca o ambiente de proximidade entre estudantes e docentes, o espírito de entreajuda e o estímulo constante à reflexão crítica e ao crescimento pessoal. Inês Reis ambiciona seguir um caminho profissional ligado à intervenção com crianças e jovens, motivada pelo desejo de contribuir para contextos mais saudáveis, integradores e conscientes.
Porquê estudar Psicologia?
Escolhi Psicologia porque sempre tive uma curiosidade muito grande em perceber os comportamentos das pessoas. Desde nova que me questiono sobre o que está por detrás das nossas atitudes e formas de estar. Quando comecei a investigar mais sobre estas questões, percebi que todas as respostas que procurava apontavam para a Psicologia e foi aí que tive a certeza de que era este o meu caminho.
O que é que mais a fascina nesta área?
O que me fascina na Psicologia é a sua capacidade de olhar para o ser humano em várias camadas ao mesmo tempo. A forma como integra emoções, comportamento, relações, contexto social, entre eles, faz dela uma ciência profundamente multidimensional. Nada na Psicologia existe isolado, tudo se liga e influencia. Além disso, é uma área que está em permanente construção. Trabalha com pessoas, e não há nada mais complexo, imprevisível e desafiante do que nós próprios. Cada caso, cada contexto e cada descoberta abrem novas perguntas, e essa sensação de que nunca se esgota é aquilo que mais me entusiasma.
“A Católica demonstra uma vontade constante de inovar.”
É licenciada em Psicologia pela Faculdade de Educação e Psicologia da Católica e, atualmente, também, estudante do Mestrado em Psicologia. Como descreve a experiência que tem tido na Universidade Católica?
A minha experiência na Universidade Católica tem sido verdadeiramente transformadora. Quando entrei no primeiro ano, não imaginava o quanto este percurso iria contribuir para o meu crescimento, não apenas enquanto estudante, mas sobretudo enquanto pessoa. Aqui descobri novas capacidades, desenvolvi autonomia e ganhei uma maturidade que levo comigo para todas as áreas da minha vida. Sinto que a Católica me desafiou a sair da minha zona de conforto e a olhar para o mundo com uma perspetiva mais crítica e humana. O contacto com colegas muito diferentes entre si permitiu-me reconhecer a riqueza da diversidade, aprender com experiências distintas e criar relações que sei que vão perdurar. Do lado dos docentes, encontrei profissionais que não só transmitiram conhecimento, mas também despertaram em mim novas formas de pensar e questionar. Tem sido uma caminhada exigente, é verdade, mas é precisamente esse nível de desafio que a tornou tão gratificante.
O que é que distingue a Universidade Católica?
O que verdadeiramente distingue a Universidade Católica é a forma como combina excelência académica com um ambiente humano e de proximidade. A relação entre docentes e estudantes é muito próxima. Os professores são acessíveis, disponíveis e demonstram um interesse genuíno no nosso percurso, o que torna a aprendizagem mais personalizada e motivadora. Entre os alunos sente-se também um forte espírito de entreajuda. Em vez de predominar a competição, existe colaboração, partilha e apoio mútuo, o que contribui para um percurso académico mais equilibrado e saudável.
Outro aspeto que se destaca é a visão de futuro da instituição. A Católica demonstra uma vontade constante de inovar, de acompanhar as mudanças da sociedade e de responder às exigências do mercado de trabalho. Investe na qualidade do ensino e numa formação integral, preparando-nos não só para exercer uma profissão, mas também para sermos cidadãos conscientes e interventivos.
É atualmente presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Educação e Psicologia. Que objetivos orientaram o seu mandato?
Estamos agora no último mês de mandato e, olhando para trás, diria que os nossos principais objetivos passaram por garantir uma representação sólida e ativa dos estudantes, assegurando que as suas necessidades e interesses eram ouvidos e tidos em conta. Quisemos também criar e promover oportunidades que acrescentassem valor ao percurso académico e pessoal dos alunos, desde iniciativas formativas a experiências extracurriculares. Outro compromisso importante foi tornar a Associação mais aberta ao exterior, estabelecendo pontes com projetos e entidades fora da universidade.
“Ser presidente da AE permitiu-me desenvolver várias competências essenciais.”
Que atividades e iniciativas levadas a cabo quer destacar?
No âmbito da integração e acolhimento, estivemos presentes na Welcome Week, contribuindo para a receção aos novos estudantes, e participámos na Teen Academy, o que nos permitiu representar a associação junto de alunos pré-universitários e dar a conhecer a realidade académica da nossa Faculdade.
No que diz respeito ao desenvolvimento pessoal, criámos a rubrica In(forma-te), através da qual promovemos workshops orientados para competências essenciais à vida e ao futuro profissional, permitindo-nos responder a necessidades concretas dos estudantes. Este ano, passámos também a trabalhar de forma mais próxima com a Faculdade, o que facilitou a comunicação, a divulgação de oportunidades e o sentimento de pertença.
Envolvemo-nos em projetos estruturantes como o UCP2 MentalHealth e o Peer2Peer, reforçando o nosso compromisso com o bem-estar e a saúde mental dos estudantes. Tivemos ainda a honra de participar nas comemorações dos 20 anos da Licenciatura em Psicologia da Faculdade, organizando um jantar integrado na International Week, que reuniu estudantes, docentes e alunos internacionais num momento de partilha e ligação intergeracional.
No plano social, organizámos eventos festivos que, este ano, alcançaram níveis de adesão superiores aos dos anos anteriores, o que demonstra uma maior ligação e envolvimento da comunidade estudantil. Paralelamente, estabelecemos várias parcerias na área do lazer, porque acreditamos que o percurso académico também se constrói fora da sala de aula.
De que forma é que o trabalho na Associação de Estudantes contribuiu para o seu desenvolvimento?
Ser presidente permitiu-me desenvolver várias competências essenciais. A liderança foi uma delas, ao coordenar uma equipa, tomar decisões e representar os estudantes com sentido de responsabilidade. Ganhei também experiência na organização e gestão de projetos, o que me obrigou a planear, definir objetivos e garantir que tudo acontecia no tempo certo. A gestão de tempo teve um papel fundamental para conciliar o trabalho da associação com o mestrado e outras responsabilidades, tornando-me mais organizada e eficiente. A comunicação foi outra área em que cresci bastante: trabalhar com alunos, docentes, e diferentes entidades ajudou-me a ouvir melhor, negociar e adaptar a mensagem a cada contexto. Além disso, aprendi a lidar com imprevistos, a encontrar soluções rapidamente e a trabalhar com pessoas com perspetivas diferentes.
Este foi um percurso que comecei logo no meu primeiro ano, quando entrei na Associação de Estudantes, e não o trocaria por nada. Toda esta experiência deu-me maior autonomia, sentido de responsabilidade e capacidade de representar os interesses dos outros. No geral, foi um desafio que me fez crescer.
“A ideia de contribuir para ambientes mais saudáveis, integradores e conscientes motiva-me bastante (…)”
Quais são os seus planos para o seu futuro profissional?
Neste momento, o meu foco principal é terminar o mestrado com um bom desempenho e consolidar tudo aquilo que tenho vindo a aprender. Depois disso, o objetivo é conseguir um estágio profissional numa área que faça sentido para mim e me permita crescer. A verdade é que a Psicologia tem tantas áreas de intervenção que ainda sinto que há muito por explorar, neste momento, a sensação é quase a de querer experimentar tudo. Ainda assim, há uma área que me atrai de forma especial: a intervenção com crianças e jovens. Gostava de poder trabalhar diretamente com eles, mas também com as famílias e os contextos que os rodeiam. Paralelamente, interessa-me muito a vertente da prevenção e o desenvolvimento de projetos que possam ter impacto real antes de os problemas surgirem. A ideia de contribuir para ambientes mais saudáveis, integradores e conscientes motiva-me bastante e é isso que espero construir no meu percurso profissional.
Como é que se pode promover a Saúde Mental junto dos mais jovens para que desde cedo se apercebam da sua importância?
Promover a saúde mental junto dos mais jovens passa, antes de tudo, por garantir que o tema existe no quotidiano deles de forma natural, acessível e sem preconceitos. A melhor forma de começar é através da educação para a literacia em saúde mental: ensinar desde cedo a reconhecer emoções, compreender o que é o sofrimento psicológico e saber quando e a quem pedir ajuda. Isto pode acontecer em escolas, associações juvenis, comunidades locais, autarquias ou projetos específicos, o importante é que a informação seja clara, contínua e adaptada à linguagem dos jovens. Outra dimensão essencial é a prevenção. Trabalhar competências socioemocionais, autoestima, gestão do stress, resolução de conflitos, relações interpessoais e uso saudável da tecnologia pode evitar o agravamento de muitas situações. Projetos nas escolas, programas comunitários ou iniciativas desenvolvidas por profissionais e técnicos especializados podem ter um enorme impacto quando são consistentes e próximos da realidade dos jovens.
“Os jovens tendem a confiar mais em quem está próximo da sua realidade.”
De que forma se pode contribuir para normalizar a conversa sobre saúde mental e incentivar os jovens a procurar ajuda?
Quando se trata a saúde mental com a mesma naturalidade com que se fala da saúde física, deixam de existir rótulos e medos associados ao pedido de ajuda. É importante substituir discursos alarmistas por conversas informadas, incluir testemunhos reais e criar espaços de partilha onde os jovens sintam que podem falar sem serem julgados.
O apoio entre pares é outro fator-chave. Os jovens tendem a confiar mais em quem está próximo da sua realidade. Projetos de apoio informal entre colegas, grupos de escuta e iniciativas de entreajuda, quando acompanhados por profissionais, ajudam a reduzir o isolamento, identificar sinais e encaminhar situações mais delicadas com sensibilidade. Além disso, é fundamental que existam recursos acessíveis e visíveis. Linhas de apoio, plataformas digitais, psicólogos em escolas ou centros juvenis, gabinetes municipais ou projetos comunitários podem fazer a diferença quando os jovens sabem a quem recorrer e sentem que não há barreiras no acesso.
Normalizar a saúde mental implica mostrar que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de autoconhecimento e responsabilidade. Envolve famílias, professores, profissionais de saúde e a própria comunidade numa mudança cultural que valorize o bem-estar psicológico tanto quanto qualquer outra dimensão da vida.