Artigo de opinião de Vânia Sousa Lima, docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP).
“O fazer-se presente, dom ao outro, obriga e permite a serenidade como resposta à sofreguidão, a calma como contraponto à ansiedade.
Este texto havia sido mentalmente gizado antes do confronto com a questão do motorista de táxi: “Então menina, já comprou os seus presentes de Natal?” A resposta que dei foi a que achei de equivalente circunstância, sem explanar a multiplicidade de pensamentos e emoções que esta pergunta tipicamente me gera (a sofreguidão a que assisto, a ansiedade que observo, a pressão que denoto, a azáfama que se instala, a sobrevalorização do supérfluo, o vazio do cheio, …). Por educação, devolvi a questão, não antevendo de todo a resposta do motorista: “Não tenho a quem dar e os dois próximos meses não posso trabalhar, portanto…”. "