Artigo de opinião de Mónica Soares, professora convidada da Faculdade de Educação e Psicologia e investigadora do CEDH.
Mesmo mais acessível e mais terrível, o mundo continua dependente de quem decide o que mostrar. Esta disputa é hoje descrita como guerra cognitiva, uma luta pela perceção. No turbilhão, o espectador oscila entre certezas rápidas e dúvidas crónicas. No ecrã, tudo parece nítido, menos o que ficou de fora. Resultado: cansaço, confusão e desmobilização.
A guerra é, hoje, um espetáculo quotidiano. Milhões, longe dos campos de batalha, veem sem parar a sua crueldade e sofrimento. Tão longe que, por vezes, se sentem alheios. Ouvimos que é “mais um conflito”, nalgum lugar que mal conhecemos, onde morre e vive gente com quem nunca nos cruzaríamos. Em boa medida, foram os meios e tecnologias de comunicação que “trouxeram” estas guerras, mais ou menos remotas, ao nosso mundo, isto é, ao mundo que percebemos, àquele que vemos e ouvimos.