Artigo de opinião por Adélia Monarca, Docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa.
O Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) é uma chamada urgente à construção de culturas organizacionais sobre o pilar da prevenção. Como construir essa cultura quando a própria noção de trabalho está a ser reconfigurada pela Inteligência Artificial (IA) e pela automação, pondo em causa os sentidos e significados do trabalho humano na identidade individual e coletiva? Com suporte na ciência e sob as bússolas da ergonomia e da psicologia, a promoção da SST deve assentar em abordagens multidisciplinares, no compromisso ético das lideranças e na escuta ativa dos sujeitos que constroem a sua segurança e saúde.
A velocidade exponencial da transformação tecnológica traz promessas de eficiência e produtividade, mas gera incertezas. Há ganhos evidentes, sim, mas o deslumbramento com as novas tecnologias corre o risco de cegar o pensamento crítico e gerar insegurança, ansiedade e stress. Estarmos, permanentemente, agarrados à tecnologia compromete a privacidade e o equilíbrio emocional. Geoffrey Hinton, uma das vozes mais respeitadas da IA, alertou para os perigos “assustadores” destes sistemas. Que dimensões psicossociais estavam subjacentes?