Investigadoras do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano, da Faculdade de Educação e Psicologia (FEP), publicaram um estudo que se centra na perceção que os profissionais da área da promoção e proteção de crianças têm sobre o Acolhimento Familiar, uma medida com uma diminuta expressão em Portugal, o que contraria a tendência europeia. Mesmo após as alterações introduzidas na lei, dando prioridade a esta medida, esta representa apenas 2,7% das colocações em acolhimento (Instituto de Segurança Social, I.P. [ISS-IP], 2020).
Denominado “Family foster care: Perceptions of Portuguese child protection professionals” e redigido por Mariana Negrão, Elisa Veiga, Lurdes Veríssimo, Maria Ana Mendonça e Marina Moreira, o artigo publicado é um estudo exploratório e quantitativo que envolveu 101 profissionais da promoção e proteção à infância em Portugal com diferentes formações e contextos de trabalho. Os principais resultados mostram um grau heterogéneo de familiaridade com o acolhimento familiar e uma atitude geralmente positiva, embora reservada face a esta medida. Os profissionais parecem valorizar a sua abordagem centrada na criança e a sua capacidade de promover o desenvolvimento infantil e relações de vinculação seguras, devido aos benefícios de um ambiente familiar. Em contraste, os participantes identificam os regulamentos e os procedimentos relacionados com a seleção, a avaliação, o treino e o apoio às famílias de acolhimento tanto como obstáculos, como condições necessárias para o sucesso da colocação, indicando importantes áreas onde a mudança é necessária.
Mariana Negrão, investigadora e docente da FEP, refere que a “literatura sobre o tema é escassa” e que, por isso, é essencial cobrir este tópico, “ajudando no processo de compreensão dos motivos pelos quais o acolhimento familiar ainda é tão pouco usado no contexto português e contribuindo para uma alteração da situação.”